Dimensionamento do Cocho para Alimentação Líquida para Suínos
Os desafios na produção de suínos são os mais diversos e muito deverá ser escrito para responder o essencial, mas se há um dreno de lucratividade comum nas unidades, são as instalações dos animais.
Um apanhado de experiências práticas, sem a pretensão de aferir uma verdade incontestável, nos permitiu conceber um conjunto de regras simples que podem, quando aplicadas, melhorar significativamente o desempenho do plantel uma vez que a “geometria” dos cochos de alimentação afeta diretamente o desempenho e a conversão alimentar dos suínos.
Esse artigo se limitará a abordar algumas equações matemáticas simples, assim como informações baseadas em observação, para nortear a construção ou modernização de galpões a fim de reduzir os custos com alimentação e aumentar o conforto e bem estar animal atuando nos seguintes aspectos:
Menor competitividade entre os animais na hora da alimentação.
Redução da probabilidade de suínos entrarem e, frequentemente, defecarem na ração.
Redução da frequência de “derramamento” de ração na hora da sua inserção nos coxos.
Melhora da sociabilidade dos animais em função da disposição espacial da baia.
Menor encrustamento de ração depois que os suínos se alimentam.
A primeira cautela é, sem dúvida, dimensional, afinal em alimentação, especialmente líquida, é fundamental que todos os animais tenham acesso ao alimento ao mesmo tempo. A seguir um exemplo com suínos de Terminação:
Máximo de Ração Seca / Suíno / Dia: 2.8 Kg
Proporção Seca/Molhada: 25%
Máximo em Litros / Suíno / Dia: 2.8 / 25% = 11,2L
Máximo de Suínos na Baia: 40Litros / Dia / Baia: 40 x 11,2L = 448
LMínimo de Tratos / Dia: 3
Volume útil da Baia: 448L / 3 = ±150L
Três regras importantes a serem consideradas:
Largura prevista para cada suíno no comedouro para que todos possam se alimentar ao mesmo tempo.
Profundidade vertical da baia.
Profundidade horizontal da baia.
Para expectativa de abate em 100 Kg a proposta é uma largura de 30cm/suíno e para abate acima disso a recomendação é de 34cm/suíno.
Já quanto à profundidade vertical, dada a forma do focinho dos suínos, recomenda-se que a baia não seja muito mais profunda do que 6cm.
Quanto à profundidade horizontal, espera-se dificultar a entrada do animal no cocho, para tanto a regra é 50% da medida adotada na “largura por suíno”.
Seguindo com os cálculos, teremos para suínos com mais de 100 Kg:
Volume sugerido por suíno: (6/10) x (34/10) x (34/2/10) = ±3,5L
Total de largura útil de cocho: (150L / 3,5L) / 10 = ±4,3m
Entretanto, sendo esse o volume útil, é fundamental um coeficiente de segurança. Recomendamos 30% para compensar a entrada dos focinhos na hora da alimentação, resultando então em:
Total mínimo de largura real de cocho: 4,3m x 130% = ±5,6m
Mas um novo problema surge com esse dimensionamento uma vez que os animais não comerão ao mesmo tempo, isso é percebido quando dividimos esse valor pelo encontrado ao dividi-lo pela largura do suíno:
Total de Suínos comendo ao mesmo tempo: 5,6m / 0,34m = ±16 suíno
A maneira mais simples de resolver esse dimensionamento é garantindo uma “largura prática:
Largura Prática: 0,34m x 40 suínos = 13,6m
Importante notar que nesse cocho caberão bem mais que o equivalente três tratos dia, dando mais liberdade de escolha quanto à distribuição dos tratos, no caso atual é possível fazer o mínimo de 2 tratos dia sem problemas de transbordo.
Agora que conhecemos as dimensões básicas (13,6m x 17cm x 6cm) vale ressaltar a importância do comedouro ter uma inclinação de 1°, sempre que possível, no sentido oposto ao tubo de entrada de alimento (que deve estar a 1/3 do cocho). Essa medida favorece o escoamento e também a limpeza do ambiente.
Com relação ao material utilizado, a experiência mais interessante tem sido com pedras Ardósia dada sua alta resistência e custo acessível, além do ótimo escoamento do alimento quando comparada com concreto. A tabela a seguir retrata a correlação de materiais, desde uso de material, resistência mecânica, preço e escoamento:
Por fim, devemos considerar um comportamento constantemente observado nos plantéis. “Suínos tem maior predisposição a defecar em cantos”. Considerada essa informação, a melhor área para inserção dos comedouros é no centro da baia, dividindo-se a largura encontrada (no nosso exemplo 13,6m) em dois comedouros espelhados e divididos por uma parede única. Esse layout favorece a dispersão dos animais, a entrada e escoamento do alimento no comedouro e também reduz a probabilidade do animal se aliviar na área de alimentação.
Essa é a aparência básica do cocho que dimensionamos nesse exercício:
Forma sugerida para cocho de 2 x 6,8m x 17cm x 6cm, para 40 suínos em terminação.
Para concluir, uma vez que esse cocho está ao centro da baia é imprescindível que a área de passagem nas suas exterminadas não seja muito afunilada e, se possível, igual nos dois lados. A recomendação é que se passem o mínimo de 10% dos suínos em cada lado, portanto o cálculo fica:
40 Suínos x 10% x 34cm = 136cm = 1,36m
Para o presente caso teremos uma largura total de:
1,36m + 6,8m + 1,36m = 9,52m.
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